Tiradentes apresenta um acervo arquitetônico dos mais importantes de Minas Gerais, constituído por construções setecentistas religiosas, civis e oficiais. Na arquitetura civil, destaca-se pela harmonia do casario térreo, caracterizado pela simplicidade de suas linhas, que se alonga em lances contínuos pelas ruas principais da cidade.
Observam-se, entretanto, algumas peculiaridades na paisagem urbana, como as casas térreas com número ímpar de janelas, com vergas abatidas e vedações em guilhotinas e treliçados, cuidadosamente elaboradas. Verifica-se ainda a predominância de coberturas em duas águas e de beirais com beira-seveira, com alguns pouco exemplares de beirais em cachorros.
Os sobrados, em menor número, caracterizam-se tanto pelo tratamento requintado da cantaria nos vãos, incluindo em alguns casos pinturas policromadas, quanto pelos acabamentos internos de extrema riqueza, particularmente no que diz respeito aos forros pintados e apainelados marcados por composições policromadas com figuras e elementos decorativos do barroco. Em alguns casos a pintura se manifesta em vários cômodos de uma mesma residência, a exemplo da casa do Padre Toledo. Entre as construções assobradadas de maior porte destaca-se a Prefeitura Municipal, que adotou interessante solução para o sótão, além de outras edificações oficiais como os prédios do Fórum, com seu gracioso avarandado, e Cadeia, de linhas sóbrias e robusta composição volumétrica.
Outra particularidade observada em Tiradentes é a existência de dois edifícios separados para o funcionamento das tradicionais casas da Câmara e Cadeia. Quanto à arquitetura religiosa, a Matriz de Santo Antônio distingue-se como um dos mais importantes exemplares de arquitetura religiosa colonial mineira. Apresentando fachada com risco de autoria do Aleijadinho, dentro dos padrões das grandes matrizes de Minas Gerais, manifesta em seu interior riquíssima ornamentação conferida não só pela talha da nave e da capela-mor, como também pelas diversas sacristias ricamente decoradas, além da excepcional composição do coro e belíssima decoração do órgão, considerado exemplo único em Minas Gerais.
De modo geral, a composição da fachada das capelas de menor porte é constituída por corpo central marcado por frontão curvo e com puxados laterais para sineiras e sacristias. Destacam-se pela riqueza de seu interior, especialmente a pintura dos forros apainelados, as Capelas de Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora das Mercês, como também a de São João Evangelista, que reúne na talha da capela-mor elementos de gosto oriental, barroco e rococó. As demais Capelas, ainda que apresentem interiores mais singelos, constituem, igualmente, interessantes exemplos de arquitetura religiosa colonial mineira. Cabe ainda destacar o chafariz de São José, um dos mais belos remanescentes de construções públicas setecentistas do Estado.
Texto extraído de: FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Atlas dos Monumentos Históricos e Artísticos de Minas Gerais. Circuito do Ouro. Campos das Vertentes. 1981.
Fonte: Iphan.